(English version after the Portuguese version)
Principais eventos que ocorreram no Brasil em janeiro
1. Política
08/01 - As cúpulas do Executivo, Legislativo e Judiciário se reuniram no Salão Negro do Congresso Nacional para lembrar 1 ano dos ataques de 8 de Janeiro às sedes dos Poderes. A cerimônia contou com 500 pessoas e representantes de 13 estados e do Distrito Federal. A ausência mais notada foi a de Arthur Lira, presidente da Câmara dos Deputados, que alegou questões de saúde para não comparecer.
15/01 - O ex-presidente Jair Bolsonaro criticou declarações do presidente do PL, Valdemar da Costa Neto, que elogiou o presidente Luiz Inácio Lula da Silva em entrevista. Bolsonaro afirmou que "declarações absurdas" de "uma pessoa do partido" poderiam implodir a sigla.
18/01 - O deputado Carlos Jordy (PL-RJ) foi alvo de operação da Polícia Federal, que mirou pessoas que planejaram ou financiaram atos antidemocráticos. A PF vasculhou a casa e o gabinete de Jordy. Foi o primeiro integrante do Congresso Nacional a ser atingido pelas investigações.
22/01 - O presidente Lula vetou R$ 5,6 bilhões em emendas de comissão ao sancionar Lei Orçamentária Anual (LOA) de 2024. Congressistas criticaram o veto.
23/01 - Pesquisa CNT de Opinião aponta que 43% (+2pp) dos brasileiros classificam o governo como ótimo ou bom. Os que consideram ruim ou péssimo somam 28% (-1pp). Em relação ao desempenho do presidente Lula, 55% (estável) aprovam seu trabalho, e 40% (+1pp) o desaprovam. O levantamento foi feito presencialmente com 2.002 eleitores entre 18 e 21 de janeiro.
25/01 - O ex-diretor da Agência Brasileira de Inteligência e atual deputado pelo PL, Alexandre Ramagem, foi alvo de uma operação da Polícia Federal. Ele é suspeito de espionagem ilegal de políticos e autoridades públicas quando comandava a Abin.
25/01 - O ex-ministro da Casa Civil José Dirceu foi entrevistado pela CNN. Em 60 minutos de entrevista, ele afirmou que o PT está se fortalecendo para os próximos anos
29/01 - A Polícia Federal cumpriu mandados de busca e apreensão para avançar na investigação sobre a atuação da chamada "Abin Paralela" no governo de Jair Bolsonaro (PL). Um dos alvos é Carlos Bolsonaro (Republicanos), vereador do Rio de Janeiro e filho do ex-presidente. Na nova ação, a PF mira pessoas que foram destinatárias das informações produzidas de forma ilegal pela agência de inteligência do governo federal.
31/01 - Pesquisa PoderData mostra que o governo é aprovado por 49% (+3pp) dos brasileiros. No mesmo período, a desaprovação foi de 44% (-2pp). A pesquisa foi realizada, por telefone, de 27 a 29 de janeiro de 2024, com 2.500 entrevistados.
2. Economia
05/01 - O Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC) informou que o Brasil registrou superávit recorde de US$ 98,8 bilhões em 2023 – o maior da série histórica, que começa em 1989. O saldo positivo superou o de 2022 em 60,6%. Naquele ano, o Brasil registrou superávit de US$ 61,5 bilhões. Esta reportagem mostra os principais itens exportados e quais países são os maiores importadores de produtos brasileiros.
11/01 - A inflação fechou o ano de 2023 em 4,62%, segundo o IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo), ficando abaixo do teto da meta de 4,75% pela primeira vez desde 2020. No mês de dezembro, o índice subiu 0,56%,o menor para dezembro desde 2018.
13/01 - A produção de motos chegou a 1,57 milhão de unidades em 2023, o maior volume em uma década. O crescimento em comparação com 2022 foi de 11%.
18/01 - A Petrobras prevê US$ 17 bilhões em investimentos na Refinaria Abreu e Lima até 2028, mais que dobrando a capacidade de refino de petróleo e produção de óleo diesel no país.O presidente Lula participou da cerimônia e criticou a operação Lava Jato. Na investigação, a refinaria apareceu em diversos casos de corrupção de diretores da Petrobras, empreiteiras e políticos.
24/01 - O presidente Lula recebeu o presidente da General Motors International, Shilpan Amin, e Santiago Chamorro, presidente da GM para a América do Sul. Os executivos da GM anunciaram investimento de R$ 7 bilhões no Brasil para os próximos quatro anos. Pela manhã, Lula se reuniu com representantes da BYD, fabricante chinesa de veículos elétricos. A empresa planeja estabelecer no Brasil sua primeira fábrica fora da Ásia. O projeto prevê a criação de 10 mil empregos e um investimento de R$ 3 bilhões pela BYD.
26/01 - O Ministério dos Transportes notificou a Vale para cobrar R$ 25,7 bilhões em outorgas não pagas na renovação antecipada dos contratos das Estradas de Ferro Carajás e Vitória Minas. O governo também notificou a MRS Logística, no valor de R$ 3,7 bilhões. O Ministério dos Transportes pretende utilizar os recursos arrecadados para investir em novas ferrovias. A notificação se baseia em decisão do Tribunal de Contas da União (TCU) que aprovou um acordo entre o governo federal e a Rumo, empresa logística do grupo Cosan. A concessionária pagará R$ 1,5 bilhão adicional pela renovação da concessão da Malha Paulista de ferrovia, feita antecipadamente em 2020.
29/01 - O governo federal registrou um déficit primário de R$ 230,5 bilhões em 2023, ou 2,1% do Produto Interno Bruto (PIB), segundo dados divulgados pela Secretaria do Tesouro Nacional. É o pior resultado desde 2020. Segundo o Tesouro, o resultado foi impacto pelo pagamento de precatórios – títulos de dívida decorrente de decisões judiciais das quais o governo não pode mais recorrer.
30/01 - O mercado de trabalho formal registrou um saldo positivo de 1.483.598 postos de trabalho com carteira assinada, em 2023, segundo dados do Novo Caged, o Cadastro Geral de Empregados e Desempregados. 
O número representa um recuo de 26,3% em relação a 2022. Em dezembro, o Brasil registrou saldo negativo de 430.159 postos de trabalho com carteira assinada.
30/01 - A taxa de desemprego no Brasil foi de 7,8% na média anual de 2023, apontam dados divulgados pelo IBGE. A taxa é a menor desde 2014. O resultado indica uma queda de 1,8 ponto percentual ante 2022 (9,6%).
31/01 - O Copom (Comitê de Política Monetária) do Banco Central decidiu por unanimidade reduzir em 0,5 ponto percentual a taxa básica de juros (Selic), para 11,25% ao ano, e manter a sinalização por cortes da mesma magnitude nas próximas reuniões.
3. Administração Pública
10/01 - O governo publicou os editais do Concurso Público Nacional Unificado (CPNU), que selecionará 6.640 servidores públicos federais.
11/01 - O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) anunciou Ricardo Lewandowski como novo ministro da Justiça e Segurança Pública. A posse está confirmada para o dia 1º de fevereiro.
22/01 - O Conselho Nacional de Desenvolvimento Industrial (CNDI) entregou ao presidente Lula o texto da Nova Indústria Brasil, um plano com ações previstas até 2033. Inicialmente, serão destinados R$ 300 bilhões para financiamentos até 2026.
Análise da linha de base de janeiro e perspectivas para fevereiro
1. A perspectiva política para fevereiro permanece neutra. Apesar do recesso do Poder Legislativo, que se encerra em 2 de fevereiro, o cenário político mostrou-se volátil, com diversos rearranjos. De um lado, a oposição ao governo dá sinais de reagrupamento contra as ações da Polícia Federal contra expoentes da direita, alvo de investigação sobre atos antidemocráticos e na questão da "Abin paralela". De outro lado, as rusgas entre Bolsonaro e Valdemar da Costa Neto podem criar divisões partidárias com impacto nas votações no Congresso e nas alianças para as eleições municipais.
As relações institucionais entre os Poderes também apresentaram desafios notáveis. A ausência do presidente da Câmara, Arthur Lira, no evento simbolicamente importante, as reações ao veto de emendas pelo presidente Lula e as operações nos gabinetes contra parlamentares demonstram uma tensão crescente entre o Executivo, Legislativo e Judiciário. Essa configuração pode criar dificuldades na governabilidade e por em andamento projetos de lei que alterem as prerrogativas do Judiciário, por exemplo.
Mesmo com essas questões, as últimas semanas de Janeiro revelaram um cenário favorável para o governo Lula. Os dados da CNT e PoderData apontam para um leve aumento nos índices de aprovação pública, um indicativo positivo para o Executivo. O aumento na popularidade pode ser interpretado como um respaldo às políticas atuais e um potencial fortalecimento da posição do governo nas negociações políticas e na implementação de sua agenda, aspectos que o ex-ministro José Dirceu também mencionou em sua entrevista.
2. As perspectivas para a economia brasileira em fevereiro permanecem positivas.
À medida que iniciamos em 2024, a economia brasileira avança com um superávit comercial recorde, mas os números do déficit primário evidenciam as fragilidades estruturais que ainda precisam ser equacionadas. O ruído na questão fiscal é grande porque o governo tende a aumentar os gastos. Mas também existe uma preocupação com o aumento das receitas e da atração de investimento estrangeiro.
No domínio da política monetária, o Banco Central parece estar em um caminho de decréscimo para os próximos meses, o que pode ser um impulso para a recuperação econômica - como nos mostrou o anúncio de investimentos da GM e da BYD - mas a necessidade de manter a inflação sob controle permanece crítica. O recente corte da Selic é uma aposta que reflete confiança e um otimismo moderado, mas não sem atenção às pressões inflacionárias.
O mercado de trabalho segue como um pilar de resiliência, com indicadores que apontam para uma recuperação contínua, embora a desaceleração na criação de empregos formais lembre-nos dos limites à recuperação plena. A redução da taxa de desemprego para o menor nível desde 2014 é uma conquista notável, porém, a manutenção desse progresso exigirá políticas que não apenas incentivem a criação de empregos, mas também fomentem a qualidade e a estabilidade dessas vagas. Além do aumento da massa salarial, o ponto principal é que o mercado de trabalho não trará mudanças negativas significativas em fevereiro
3. A gestão pública brasileira segue com tendência neutra para fevereiro.
Tendência para fevereiro
English version
1. Political Dynamics: A Volatile February Awaits
As February approaches, Brazil's political scene remains precariously balanced. Despite the legislative recess ending on 2nd February, the atmosphere has been anything but static, marked by significant reshuffling. There was a chance that January could be a time for political negotiations, but that was not the case. The opposition is rallying against STF and Federal Police crackdowns on right-wing figures under investigation for anti-democratic acts and the alleged operation of a "parallel" intelligence agency. Concurrently, tensions between Bolsonaro and Valdemar da Costa Neto threaten to fragment party unity, potentially affecting Congressional votes and municipal election alliances.
Institutional relations are under strain. The conspicuous absence of Arthur Lira, the President of the Chamber of Deputies, from a pivotal event, President Lula's vetoes, and raids on lawmakers' offices signal escalating tensions across the Executive, Legislative, and Judicial branches. This fraught environment could complicate governance and legislative initiatives aimed at adjusting the Judiciary's prerogatives.
Despite these challenges, recent weeks have seen a slight improvement in the approval ratings for Lula's government, according to CNT and PoderData surveys. This increased popularity could bolster the administration's leverage in political negotiations and agenda implementation, echoing insights shared by former Minister José Dirceu.
2. Economic Outlook: February's Promising Prospects
The Brazilian economy enters 2024 on a positive note, boasting a record trade surplus despite persistent primary deficit concerns highlighting structural frailties needing resolution. Fiscal policy remains a hot topic as government spending increases, alongside efforts to boost revenue and attract foreign investment.
Monetary policy is set for a cautious decrease, potentially aiding economic recovery, as evidenced by investments from GM and BYD. However, maintaining inflation in check remains a priority, with the recent Selic rate cut reflecting a balance between optimism and vigilance against inflationary pressures.
The job market continues to demonstrate resilience, with ongoing recovery signals despite a slowdown in formal job creation. The drop in unemployment to its lowest since 2014 marks a significant achievement, yet sustaining this progress demands policies that not only encourage job creation but also enhance job quality and stability. The labour market is expected to maintain its positive trajectory without significant negative shifts in February.
3. Public Administration: A Neutral Stance in February
Brazilian public management maintains a neutral trend as February unfolds, navigating the complexities of both domestic and international policy challenges.
Fontes: G1.com, Poder360.com.br, Estadão, Folha de São Paulo, Veja, Agência Senado Notícias, Agência Câmara, Banco Central, Valor Econômico, O Globo, Agência Gov, Presidência da República.
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