Menos de 1% dos jovens em Portugal identificam a Península Ibérica no mapa. O meu pai ensina desde sempre geografia aos meus filhos: desenha grandes mapas em cartolinas (sem ecrãs), rios, cordilheiras, e eles têm que colocar as cidades, rios e nomes de países a partir do Atlas. Os meus filhos estão na Universidade - nunca nenhum professor, em escolas de diferentes características, lhes tinha pedido isto. Segue-se com o meu pai uma longa conversa, que escuto quando passo por eles, sobre porque se planta trigo aqui, há monções acolá, há guerras por matérias primas além, enclaves, cidades com nomes de rios, batalhas épicas nas encruzilhadas de comunicações, por vezes sento-me a escutar de tão fascinante. Podia ficar aqui horas a explicar o que foi feito com as "pedagogia das competências", do "aprender a aprender", da escola "para o mercado de trabalho", das "metodologias activas". Não vale a pena - os números falam por si. Menos de 1% dos jovens situa a Península Ibérica no Mapa - isto diz tudo sobre os responsáveis em educação. E agora a proposta que está a caminho é diminuir a componente cientifica na formação de professores em vez de aumentar salários e dar carreiras seguras para atrair os melhores para aquela que é, deveria ser, a mais bela profissão do mundo, a par de cuidar/tratar. Ensinar. Não disse "mediar", "incentivar", "estimular", disse educar. É isso que fazemos, somos educadores, não somos activistas ou mediadores de entretenimento.
Ou se tem a sorte de ter um avô Engenheiro Florestal ou outro com formação em conhecimento (e não em competências), que se dedica a ensinar o mais elementar aos netos ou se chega à idade adulta sem saber que a terra é redonda, apesar dos impostos obscenos que pagamos. Depois temos von der Leyen, líder da UE, que está à cabeça, com a OCDE, na defesa destas políticas curriculares desastrosas a dizer que quer combater as fakes news, quando o que ela quer é introduzir a censura e impedir uma crítica publica à sua política de envolvimento da UE nas guerras, atrelada aos EUA. Fake news combatem-se com educação. Não há educação quando se decide que nem o meio físico e história é essencial conhecer. Aconselho a abrirem um manual de Geografia para perceberem porque menos de 1% dos alunos situa a Ibéria no mapa. É uma expropriação completa do direito a conhecer. Aproveito para partilhar o meu comentário sobre o PISA. Porque o PISA é parte do problema: quando se ensina competências nem competências se ensina.
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