Há 3 tipos de atitude em volta das JMJ. O cinismo puro de quem acha que o mundo está bem e isto é um evento turístico, que é representado no nosso Estado e nas suas instituições, que tem uma população jovem a emigrar, sem salários, casa e direito à vida. Junta-se a esta a ala conservador da Igreja que procura com este evento lavar-se dos escândalos da pedofilia.
A segunda é a representada pelo Papa, uma ala da Igreja menos conservadora e que há muito compreendeu o vulcão social que vive e que procura com estas jornadas pedir perdão pelas barbaridades e chamar a atenção dos governantes do mundo para as desigualdades sociais. Os patrões devem cuidar dos trabalhadores, os Estados das populações, é uma visão paternalista, atenta aos problemas sociais.
Na terceira atitude estão os que como eu que acham que os jovens não precisam de paternalismos, mas de responsabilidade e futuro, direitos e deveres, e que isso se conquista, ninguém dá. Não precisam de ser cuidados pelos Estados, a Igreja ou o Governo, precisam de ser sujeitos de direitos, de costas erguidas. Isso implica não só cuidar dos imigrantes mas denunciar a pilhagem que as empresas europeias fazem dos países imigrantes, não só andar atrás de ideias catastrofistas sem esperança, mas defender uma relação campo-cidade e um mundo ecologicamente protetor; não só estar atento à solidão das redes sociais mas defender a organização política dos jovens; implica direito ao trabalho e não ao assistencialismo no desemprego.
No primeiro caso o cinismo impera, no segundo a caridade, no terceiro - onde estou - a solidariedade.
Nos dois primeiros casos mantém-se uma visão hierárquica do mundo, no terceiro uma visão emancipadora.
Não desgosto do papa Francisco, mas o que os jovens precisam não é de novos messias, é de voltar a acreditar nas suas próprias forças como fizeram no Maio de 68, na revolução dos cravos, nas lutas sociais onde foram, não só alvo de boas palavras, mas sujeitos da transformação. Livres, sim, livres.
No comments:
Post a Comment