Tive professores excelentes, bons, maus, péssimos, gostei de umas cadeiras e de outras não, o mesmo deles em relação a mim como aluna. O que não tive nem contribui nunca foi para um sistema pidesco de mercantilização do conhecimento. Sou de uma geração em que organizávamos greves contra os exames, em favor, por exemplo, de trabalhos de pesquisa, mas na minha casa queixa, desde que me lembro de ser gente é sinónimo de bufo e cobarde, nunca passou pela cabeça dos meus pais permitir que me queixasse de um professor ou que eles o fizessem por mim! Que vergonha. Directores a prestar favores já sabemos, não faltam no mundo. E se não regressa a democracia às universidades o caminho vai ser dramático. Sairão de lá alunos daqui a uns anos depois de ver 500 vídeos, não ler um livro, prontos para irem para o mercado de trabalho apertar botões e obedecer.
O assédio contra os professores universitários, em tempos de transformação digital e ensino-máquina, está aí. Estão a retirar-nos a liberdade de ensino para "adaptar a Universidade ao mercado de trabalho".
Não, o mais grave na Universidade não é o poder dos catedráticos, é a destruição em curso da autonomia de ensino, ao ponto de termos alunos e gente nas televisões a debater programas de docência de centros de investigação dos quais não sabem nada, uma tropa de choque a lutar contra a liberdade de cátedra. A mão pesada do mercado.
Um país entregue a medíocres e clientes. Talvez sem catedráticos. Certamente com gestores-directores, a dar procedência a queixas que não são mais do que assédio contra professores, e que usarão estas queixas para chegarem aos lugares de gestão, onde ganham mais. Por "milagre" já se sabe os melhores professores, apaixonados por ensinar, críticos, exigentes, receberão mais queixas, os piores, que odeiam alunos, chegarão rapidamente ao topo da direcção onde exercerão o poder usando as queixas como arma.
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