Há um comboio que chega...As respeitáveis famílias mais ricas de Portugal, que estão convencidas que enriqueceram com o próprio trabalho, entre outras coisas beneficiavam do Estado português obrigar ao trabalho forçado negros camponeses, que iam para as minas de Moçambique, no apartheid (para fazer concorrência aos trabalhadores daí). Estes trabalhadores recebiam o seu salário, 60% era entregue ao Estado português em ouro, e 40% era-lhes entregue em moeda local, sem qualquer valor, mas o valor necessário para conseguirem pagar impostos, impostos dos quais não recebiam qualquer serviço a não ser repressão. A estes milhares devemos o início da revolução portuguesa, as revoluções anticoloniais, que aqui se chama "guerra colonial". Masekela, que fez um extraordinário concerto, dos mais belos que vejo, e revejo sempre, com Paul Simon (Zimbabwe 1987), cantou estes homens no comboio que vem de "Angola e Moçambique" para as minas da África do Sul de ouro. Quando estes homens e mulheres entram em greve, contra a mais bárbara exploração, o Estado português enviou a tropa. Felizmente, mas só 13 anos depois..., foram derrotados. O 25 de Abril começou em África.
Não faço parte dos que pedem desculpas de passados que não são meus, são do Estado português e de quem com ele colaborou. O meu passado é o dos resistentes, contra o Estado, e é português e africano, junta aliás todos os homens e mulheres do mundo que, fosse qual fosse a sua nacionalidade, escolheram o lado dos trabalhadores e da liberdade.
A tradução é da internet
Há um trem que vem da Namíbia E Malawi,
há um comboio que vem da Zâmbia e do Zimbabué.,
Há um trem que vem de Angola e Moçambique,
Do Lesoto, do Botsuana, da Zwaziland,
De todo o interior da África Austral e Central.
Este comboio transporta Homens Jovens e velhos africanos.
Que são recrutados para vir e trabalhar sob contrato.
Nas minas de ouro de Joanesburgo
E a metrópole circundante,
16 horas ou mais por dia por quase nenhum salário.
No fundo, no fundo, no fundo da terra.
Quando estão cavando e perfurando
por aquela pedra brilhante e evasiva,
Ou quando eles lançam aquela malharpa de comida
em suas placas de ferro com a haste de ferro.
Ou quando se sentam no seu fedorento, funky, imundo,
Casernas e albergues cheios de pulgas.
Eles pensam nos entes queridos que podem nunca mais ver.
Porque eles podem já ter sido
foram retirados à força de onde os deixaram pela última vez.
Ou voluntariamente assassinado no meio da noite.
Ao vaguear, saqueando bandos sem origem particular,
Disseram-nos.
Pensam nas suas terras, nas suas manadas.
Que lhes foram tiradas
Com uma arma, bomba, gás lacrimogéneo e o canhão.
E quando ouvirem aquele comboio Choo-Choo…
(Um jogging e um popping e um fumar e um empurrão e um bombeamento
e um fogo, um vapor e um
chicking e ... …)
Amaldiçoam sempre, amaldiçoam o comboio do carvão.,
O comboio de carvão que os trouxe a Joanesburgo.
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