Este fim de semana passei pelo caos esperado da competição, a pedra filosofal da economia de mercado - dizem-nos que sem competição nada funciona, quando o que vemos todos os dias é justamente o contrário. Sem cooperação nada funciona.
4 horas de espera no super automatizado aeroporto de Amesterdão, das 19 linhas de segurança só 3 funcionavam porque despediram os trabalhadores e lhes pagam mal. Ao todo levei 12 horas entre sair do hotel e chegar a casa, gente amontoada, idosos, crianças, mau cheiro, segurança zero (o meu boarding pass só foi visto à entrada do avião!). Seguiram-se mais de 2 horas de atraso do voo da TAP, sem qualquer informação aos passageiros sobre direitos, indemnizações, e alimentação. Tudo isto acontece porque quando se paga mal aos trabalhadores os serviços acabam degradados. Despediram os trabalhadores da manutenção e não havia disponíveis para arranjar um problema técnico no nosso avião - segundo me disseram. Despediram e mal pagam ao sector da segurança nos aeroportos; nem o meu café com chocolate, clássico lugar onde paro naquele aeroporto dos Países Baixos, estava a aberto no aeroporto, justificação, "não há trabalhadores". É um mimo, e a vida sem mimos não tem qualquer sentido. Agora a nova fase é sem mimo e sem mínimos.
Não há falta de trabalhadores. Muitos, milhões no desemprego e na precariedade, o que não há é paciência para a degradação social que os gestores e accionistas colocaram nos locais de trabalho. É disso que as pessoas fogem, não é do trabalho. O mercado é tóxico.
O lucro está a destruir-nos a vida, somos tratados como animais nestes locais, deitados no chão, sem qualquer apoio, deixados em filas intermináveis. Por isso, defender as condições de trabalho dos outros é não só defender uma sociedade decente, e isso sim é o que nos deve mover, como é defender-nos a nós próprios. Os problemas de quem trabalha são nossos.
O caos está instalado, da economia de guerra à imobilização de capitais, o prato frio do mercado está aí. Não o provam todos - disparam o número de viagens em jatos privados onde, creio, não falta café, chocolate e garrafas de vinho de 3 mil euros. Por este caos não passam os accionistas que investem nas empresas e cuja remuneração dos lucros depende dos salários cada vez mais baixos dos trabalhadores de todo o mundo. No ano passado houve 3, 3 milhões de viagem em jactos privados, pagos com a exaustão de quem trabalha. De braços abertos!
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