Para quem andou distraído sobre Mariupol. Via RTP.
Ou seja, até ontem - e parece que Guterres teve um papel eficaz a reverter isto - a Ucrânia impunha que só saíam os civis se saíssem os militares neonazis, o famoso batalhão Azov, portanto algo nunca visto na história, um corredor humanitário para tropas - essa era a exigência ucraniana. Ora, como se sabe, tropas rendem-se ou há troca de prisioneiros. Não há "corredores humanitários".
Ou seja, a ser verdade o que é relatado (que não havia solução para os civis porque a Ucrânia queria salvar o batalhão Azov), os civis são usados pelos neonazis como escudos humanos. Não me venham com a conversa cínica que o Hamas o faz. Se o faz é abjecto. Venha de onde vier, civis nunca podem ser usados como moeda de troca para nada. Não me recordo de ler nada parecido sobre Trotsky, chefe militar da guerra civil russa, ou Amílcar Cabral, líder do PAIGC terem usados civis como escudos militares. O que se passa é que na ânsia de derrotar um ditador, Putin, se achou por bem dar a mão e ajudar a lavar a cara de nazis. É uma espécie de bastardos inglórios, ao vivo. Sob a capa de "há um agredido e um agressor" - como se a complexidade de uma guerra fosse um jogo de playstation -, dá-se a mão à barbárie. Não há só um agressor. Há vários. Putin é um dele. Mas há mais. O Batalhão Azov faz parte dos agressores ao povo ucraniano. Se em Portugal a luta contra um invasor estivesse nas mãos paramilitares do Chega, estariam os portugueses seguros?
Ficam-me ainda muitas questões: como foram parar estes civis dentro de uma fábrica blindada e cercada? Porque foram? O argumento é que a Rússia não os deixava sair mas saíram já dezenas de milhar, uns para a Ucrânia outros para a Rússia. O que aconteceu ali em Mariupol realmente? Se a Rússia ganhar esta guerra legitima-se a força de uma invasão, se a Ucrânia ganhar esta guerra com estas forças militares a extrema-direita na Europa nunca teve tanta força. A Ucrânia repete o velho cruzamento da I Guerra Mundial, ou uma revolução/insurreição dos povos (russos e ucranianos) põe fim conjunto a isto ou o que teremos, de um lado ou de outro, é uma galeria de horrores.
"A Ucrânia insiste em retirar, além dos civis, os militares do antigo batalhão de Azov, e tem-se tornado um pomo de discórdia nas negociações a oposição russa a que saiam os militares identificáveis com cruzes suásticas, por exemplo."
https://www.rtp.pt/noticias/mundo/ucrania-insiste-em-obter-libertacao-de-militares-do-batalhao-azov_v1401853?fbclid=IwAR2szaHatDmKSZVdaRYakEyJ9vwMjit97aTVY3HOvFOX9tiIj-gC0yZLwqk
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